A união de freguesias foi constituída em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, pela agregação das antigas freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila e tem a sede em Taveiro.
Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias). Acedido a 2 de fevereiro de 2013.

TAVEIRO
A Freguesia de Taveiro está documentada desde o último quartel do século X. Sofreu os danos provocados pelas invasões muçulmanas, mas foi reconquistada por Santa Cruz, que aí tinha muitos casais. Na altura em que tal facto aconteceu, a povoação estava deserta, pois os seus habitantes haviam fugido para outros locais.

Situada entre as velhas Aeminium e Conímbriga, Taveiro conta com o próprio nome como prova da sua antiguidade. A. Almeida Fernandes refere: “ O topónimo tem um étimo por certo muito antigo, onde talvez se encontra a raíz liturgica, tala – talvez a mesma de Távora, Tavarede, etc. É menos provável o étimo no latim tabulariu – (sentido de tabulatu – como Tábua, Tabuaço, Tabuado, etc.”).

Num documento de 980, “ os servos de Deus “ Bahri e Trunquili (Trunquilde) doavam ao Mosteiro de Lorvão a sua herdade de Taveiro. O texto notarial referia o seguinte: ”Hereditate nostra própria que abemus in villa Talabario in quinione de ibn Hocem uno agro de riu usque in monte in Abdena”. As personagens referidas no documento, Homeite e Lobozinho, eram personagens de elevada craveira na sociedade, sendo evidente que eram moçarabes. Os doadores destes terrenos, Bahri e Trunquili, possuíam ainda o padroado de duas igrejas (a de Santa Eulália da “villa” Arquanio e a de São Miguel Arcanjo e São Pedro Apostolo na “villa” de Tentúgal), que doaram igualmente a Lorvão.

Depois do repovoamento do território, efectuado pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a grande maioria dos casais de Taveiro iria transitar, já no século XVI, para a posse da Universidade de Coimbra. Todavia, o pároco era da apresentação da Mitra, e pelo menos no século XVIII tinha quarenta mil reis de renda anual.

A 26 de Fevereiro de 1851, D. Maria II atribuiu um Viscondado a Taveiro, cujo título foi concedido a D. Maria Rosa de Figueiredo da Cunha e Melo de Lacerda e a seu marido José de Melo Pais do Amaral Sousa Pereira de Vasconcelos e Meneses, como recompensa pelos valiosos serviços prestados pelo Arcebispo de Braga D. Pedro Paulo de Figueiredo da Cunha Melo, natural de Taveiro e Tio de D. Maria Rosa.

Por Decreto de 11 de Julho de 1878, foi designado segundo Visconde de Taveiro José Pedro Paulo de Melo Figueiredo Pais do Amaral da Cunha Eça Abreu e Sousa de Meneses Pereira de Lacerda Lemos e Vasconcelos, que foi igualmente o primeiro Conde de Santar, pelo seu casamento.
O Terceiro foi Pedro Paulo António de Melo de Figueiredo Pais do Amaral, neto do segundo visconde de Taveiro, autorizado por D. Manuel II, então no exílio.
O brasão de armas dos viscondes de Taveiro é constituído por um escudo esquartelado tendo no primeiro as armas dos Melos, no segundo as dos Pais, no terceiro as dos Amarais e no quarto a dos Castelos Brancos.

TOPÓNIMO
Situada entre as vetustas Aeminium e Conímbriga, Taveiro parece ser também muito antigo. Relativamente à origem etimológica deste nome, Almeida Fernandes refere que “o topónimo tem um étimo por certo muito antigo, onde talvez se encontra a raiz litúrgica – tala – talvez a mesma de Távora, Tavarede, etc. É menos provável o étimo no latim «tabulariu» sentido de «tabulatu», como Tábua, Tabuaço, Tabuado, etc.”

Em termos históricos, as notícias de Taveiro são também muito antigas. Num documento de 980, lê-se que “os servos de Deus Bahri e Trunquili” (Trunquilde) doavam ao Mosteiro de Lorvão a sua herdade de Taveiro. O texto notarial referia então que “hereditate nostra própria que abermus in villa Talabario in quinione de ibn Hocem uno Agro de riu usque in monte in Abdena”.

As personagens Homeite e Lobosinho, referidas no documento, eram de origem moçárabe e integravam a nata da sociedade de então. Os doadores do terreno, Bahri e Truquili, possuíam ainda o padroado de duas igrejas – a de Santa Eulália, da villa Arquanio, e a de São Miguel Arcanjo e São Pedro Apostolo, na villa de Tentúgal – também doadas ao Mosteiro de Lorvão.

TAVEIRO E A SUA ANTIGUIDADE
Taveiro reporta-se ao século X, altura em que esta região estava sob o domínio muçulmano. Mas, após a reconquista destas terras, a sua posse passou para as mãos do Mosteiro de Santa Cruz. Nesta época, a povoação estava praticamente deserta, devido às lutas travadas entre cristãos e muçulmanos, e coube ao referido Mosteiro o repovoamento do território. Já no século XV, a sua posse transitou para a Universidade de Coimbra, e no século XIX, após a Revolução Liberal de 1820, adquiriu o título de Viscondado.

AMEAL
Ameal é uma das mais antigas freguesias de Coimbra, cujo povoamento remonta à primeira reconquista do território e a julgar pela relativa proximidade de Coimbra, que garante o povoamento árabe na região; tal vetustez porém, não se confirma pela toponímia de Ameal, que expressa pouca antiguidade; já “Vila Pouca do Campo”, é um dos mais expressivos de ancianidade, pois é certamente anterior ao século XII. Ainda no séculoXX teria sido instituída a paróquia de S. Justo do Ameal e nela o prior de S. Jorge, D. Afonso Martins, apresentava como pároco o cónego Francisco Domingues.

Desde os primórdios da Monarquia que a povoação foi propriedade da coroa, apesar de várias entidades, para além do rei, nela possuírem inúmeros haveres: a Casa de Aveiro, o Mosteiro de Semide, os padres da Companhia do Colégio de Évora, o Mosteiro de Santa Cruz, a Universidade e o Cabido.

A igreja paroquial, dedicada a S. Justo, é um dos maiores vultos patrimoniais da freguesia de Ameal. A maior parte da obra é da primeira metade do século XVI, como se percebe pela porta e arco cruzeiro. No século seguinte, foi-lhe acrescentada uma porta lateral, e no século XIX, por estar em ruínas, sofreu muitas modificações.

Assim, a frontaria só conserva de origem a porta manuelina. A própria torre sineira não o é, tendo sido erguida apenas no século passado. O retábulo principal da igreja e os colaterais são do século XVIII. Dourados e policromados, representam respectivamente a Virgem com o Menino e S. José, a Senhora da Conceição e um Crucifixo de pedra, renascentista. As várias capelas do templo são assim descritas pelo “Inventário Artístico de Portugal”: “A primeira capela foi do Sacramento. Portal de composição sobreposta, pilastras com pendurados em baixo, colunas na altura do arco, bustos dos Santos Pedro e Paulo nos medalhões, obra datada de 1627, secundária. Tecto de cantaria, em cúpula de caixotes. Retábulo de madeira, policromado, da segunda metade do século XVIII, corrente.

A segunda capela tem entrada do mesmo esquema da anterior, mais simples e obra mais dura, decorada de almofadados, dos meados do século XVII.

TOPÓNIMO
O topónimo principal, Ameal, refere a abundância plantações de amieiros no nesta região, não sendo por isso de estranhar o vime como uma matéria prima bastante presente na vida quotidiana dos nossos antepassados.

Ameal/Amial Topónimo Lugar plantado de amieiros. Topónimo frequente representado na toponímia portuguesa; na Galiza, em Pontevedra. Situa-se a caminho da Veiga. Por baixo das Pereiras.
Amieiros Topónimo Amieiros – espécie de salgueiro, tamancos, socos.

De Ameal/Amial, ‘lugar onde crescem amieiros’. É muito comum, tanto em Portugal como na Galiza. Tem os derivados Ameira , Ameirais , Ameiral , Ameiras , Ameirinha , Ameiro , Amiais , Amião , Amieira , Amieiral , Amieiras , Amieirinha , Amieiro , Amieiros , Amiosinho e Amioso.

Amieiro (Alnus glutinosa). O amieiro é uma árvore que atinge uma altura máxima de 35 m e raramente ultrapassa os 120 anos de idade. As suas folhas são redondas/ovadas, com 4 a 10 cm de comprimento e 5 a 8 pares de nervuras laterais. Os seus frutos são uma espécie de pinha, com 1 a 2 cm de comprimento. Os amieiros formam simbioses com os actinomicetos, que podem captar o azoto do ar. O lugar em que se produzem mais simbioses são as excrescências bolbosas das raízes, que podem alcançar o tamanho de um punho. Daí que o solo situado sob os amieiros seja rico em azoto. São muito comuns na margem dos rios.

CONDES DO AMEAL
João Maria Correia Aires de Campos, 1º Conde de Ameal
Foi uma individualidade de elevado relevo, prestígio pessoal e político no distrito de Coimbra. Este ilustre titular foi um criterioso coleccionador, que fez do seu palácio um autêntico museu, constituído de inúmeras peças de incalculável valor; foi também um dos responsáveis pelo desenvolvimento cultural da freguesia, ao formar uma das melhores bibliotecas da época, que não ficava aquém das que existiam em Lisboa e no Porto. Comprou o colégio de S. Tomás, construído em 1566, do qual viria a resultar o actual Palácio da Justiça.

Filho de João Correia Aires de Campos, notável arqueólogo, e de Leonor de Sá Correia, foi chefe do Partido Regenerador em Coimbra, ainda sob o regime monárquico, deputado e presidente desta Câmara Municipal. Criterioso coleccionador, reuniu no seu palácio, à rua da Sofia, um autêntico museu, constituído por inúmeras peças de incalculável valor. Formou uma das melhores bibliotecas da época, ao nível daquelas que existiam, já, em Lisboa e no Porto. Comprou o Colégio de S. Tomás, construído em 1566, do qual viria a resultar o actual Palácio da Justiça. Recebeu o título de Conde em 22 de Junho de 1901, por D. Carlos I.

João de Sande de Magalhães Mexia Salema Aires de Campos, 2º Conde do Ameal
Foi também 1.º Visconde do Ameal. Recebeu esse título no mesmo dia em que o pai recebia o de Conde. Desempenhou importantes cargos políticos, desde deputado em várias legislaturas até Secretário do Ministro dos Estrangeiros Venceslau de Lima. Foi Presidente do Asilo de Mendicidade de Coimbra, seguindo a tradição familiar (já João Maria Correia Aires de Campos o fora).

ARZILA
Relativamente ao povoamento local antes do Séc. XII, pouco ou nada se conhece; apenas a toponímia poderá dar alguma indicação deste facto, pois Arzila é palavra de origem arábica, o que se coaduna com o longo domínio sarraceno e o forte moçabarismo Conimbricense, embora a origem do topónimo levante algumas questões pela diversidade de opiniões.

Embora haja quem afirme que Arzila pertenceu ao Concelho de Penela, este facto é um pouco contraditório, dada a distância que os separa, e pela circunstância de Arzila não ser mencionada nas limitações descritas pelo foral de Penela; sendo mais provável, que tivesse pertencido a Condeixa-a-Velha.

Acerca do início da paróquia de Santa Maria de Arzila, na Idade Média, a informação é também limitada; o padroado não dá qualquer justificação para o facto de serem os condes de Óbidos os donatários de Arzila; o que se conhece, é a condição do prior ter cerca de 120 mil réis de renda no Séc. XVIII.

Arzila é conhecida não só a nível nacional, como o é também, a nível internacional, por incluir no seu território um importante Paul, que pelas suas características e condições, recebeu o “Diploma Honorário” da Sociedade Europeia, pela protecção dos mamíferos; com efeito, esta reserva ecológica alagadiça reúne as condições de “Habitat” de inúmeras espécies vegetais e animais, tendo sido classificada como reserva biogenética pelo concelho da Europa; as enguias são das espécies com maior abundância, e constituem uma importante fonte para a região.
Dos campos do Paul são retirados os caniços e bunhos com os quais os artesãos de Arzila fabricam as suas famosas esteiras, promovidas na feira anual que se realiza ano mês de Setembro.

TOPÓNIMO
Versão 1
Se existiram alguns núcleos que forma povoados a partir do Século X, caso de Arzila, remonta a um período mais tardio, Século XII. Os seus donatários terão sido os condes de Óbidos, e provavelmente também as freiras do convento de Santa Ana de Coimbra. Arzila contribuiu desde sempre com os seus produtos agrícolas para o sustento da cidade de Coimbra. O nome “Arzila”, segundo A. Ferraz de Carvalho, terá derivado de “Arcela”, diminutivo de arca, (…) que podemos subentender como lugar de grandes recursos.

Versão 2
Relativamente ao povoamento local antes do Séc. XII, pouco ou nada se conhece; apenas a toponímia poderá dar alguma indicação deste facto, pois Arzila é palavra de origem arábica, o que se coaduna com o longo domínio sarraceno e o forte moçarabismo conimbricense, embora a origem do topónimo levante algumas questões pela diversidade de opiniões.